Cultura

O Espírito Santo é um caldeirão de diversidade cultural. A rica combinação é uma mistura dos costumes e das tradições indígenas, africanas e dos diversos imigrantes (italianos, alemães, pomeranos, libaneses, entre outros) que fixaram residência no Estado. As manifestações culturais são singulares e podem ser observadas através das danças, das festas, do artesanato e dos costumes de cada município.

Congo

O congo é o ritmo mais tradicional capixaba, conhecido em todo o Estado. Ele faz referência aos escravos, aos santos de devoção, ao amor e ao mar. Além dele, o ticumbi também é marcante, com sons de violas e pandeiros, e cantorias em versos e rimas em louvor a São Benedito. O Encontro Nacional de Folia de Reis e o Boi Pintadinho, no Carnaval, no município de Muqui, também são duas manifestações culturais tradicionais capixabas.

Patrimônio Capixaba

A panela de barro é a maior representação do artesanato e da cultura capixaba. De origem indígena, é uma tradição passada de mãe para filhas há pelo menos 400 anos. O feitio da panela de barro é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O Espírito Santo também tem um rico patrimônio histórico-cultural. É possível fazer uma viagem entre o passado e o presente nos casarios de Muqui, com mais de duzentas construções tombadas; no Porto de São Mateus; em Santa Leopoldina, que recebeu a visita de D. Pedro II; no Convento da Penha e nas construções do Centro de Vitória.

Artesanato

O artesanato tradicional capixaba é feito de diversas expressões e referências históricas, culturais e regionais, que são materializados de forma original e criativa pelas mãos do povo capixaba. A origem é herança artística de várias etnias que habitaram o Espírito Santo como, primeiramente, a indígena, em seguida colonizadores portugueses e negros africanos e, mais tarde, imigrantes europeus.

Os produtos artesanais feitos no Espírito Santo se transformam com costumes, histórias e cultura de cada região e também tem função econômica e social, sendo fonte de renda de muitas famílias de artesãos. A diversidade da produção vai de objetos feitos em argila e barro, instrumentos musicais, os feitos de conchas, pedras, até traçados em fibra vegetal, esculturas em madeira e a renda, e forma um mundo de produtos desde os mais funcionais aos decorativos.

Expressão cultural

Artesanato de Conchas : O Espírito Santo tem cerca de 410 quilômetros de costa, e os artesãos das cidades e vilas litorâneas desenvolveram o artesanato de conchas, abundante nas praias capixabas. As conchas viram arte nas mãos dos capixabas, a exemplo os colares, petisqueiras, cinzeiros, cortinas, molduras, acessórios, souvenirs, entre outros, produzidos principalmente em Piúma, responsável pela maior parte da produção de artesanatos em conchas do Brasil.

Artesanato em Escamas de Peixe: Vem das águas do mar outra matéria-prima usada para artesanato que se instalou em terras capixabas: as escamas de peixe. Vinda de Portugal, a prática exige cuidado e capricho para quem executa a obra, além de ser um processo demorado, pois consiste em várias etapas até que se chegue ao produto final. De aparência delicada, é extremamente resistente e de grande durabilidade.

Artesanato Indígena: A tradição da arte ceramista tem origem indígena no Espírito Santo, principalmente de três tribos: Tupi-guaranis, Aratus e Unas. A matéria-prima, argila, é encontrada em todo o Estado, sendo bastante utilizada para o artesanato de cerâmica vermelha, principalmente no Norte capixaba. As peças são elaboradas com um torno de madeira, e o barro permite a criação das mais variadas peças, com diversas técnicas, para produtos de fim decorativo ou utilitário.

E foi através dessa arte que surgiu o ícone mais conhecido do artesanato capixaba: a panela de barro. Esta se distingue da cerâmica vermelha, pois o produto final tem uma cor negra, resultado do processo de confecção e queima. O barro utilizado, a tabatinga, é extraído dos mangues da região de Vitória, que toma forma de diferentes produtos, como caldeirões, frigideiras e panelas. Depois de modeladas, as panelas passam pela secagem à sombra, são raspadas, polidas e queimadas em uma fogueira.

Depois da queima, são molhadas por um líquido chamado de mangue vermelho, rico em tanino, que ajuda na tonalidade escura e resistência. Outras técnicas indígenas são o traçado com fibras vegetais, utilizadas para fazer produtos como cestas, e a montagem com sementes, principalmente para confecção de acessórios. Esse tipo de arte pode ser encontrada em todo o Estado, especialmente nas aldeias na cidade de Aracruz.

Artesanato em Madeira:  Tem forte expressão no Espírito Santo a liuteria. A técnica se destaca pelo alto nível de precisão e sutil execução na confecção de instrumentos musicais de cordas, como violino, violoncelo, viola, contrabaixo, violões e os ukulelês. O município de João Neiva tem grande produção de artesanato de liuteria. Cachoeiro de Itapemirim também é referência nesse tipo de arte no Estado. Os pios de aves são uma marca da cidade e a fábrica, fundada em 1903, é a única na América Latina. Os pios são esculpidos artesanalmente e, em 36 modelos, reproduzem o som de inúmeras aves.

O instrumento musical mais famoso da cultura capixaba, a casaca, também é fruto do artesanato local. Talhada em madeira, os artesãos esculpem uma cabeça humana no topo, sendo o corpo de onde se tira o som, e o pescoço o local para segurar o instrumento. O som sai do atrito ao correr a vareta pelos talhos feitos na parte do corpo. A casaca está presente na maioria das bandas de congo, especialmente em Serra e Vila Velha, e reflete a influência africana na música e no congo capixaba.

Artesanato em Tecido: Várias técnicas e influências fazem parte do artesanato capixaba em tecido ou fios. Esse tipo de arte pode ser encontrado em todas as cidades capixabas, de diversas formas. Técnicas como crochê, brolha, macramê, tricô, renda, bordado, ponto cruz, fuxico, entre outras, viram tolhas, tapetes, mantas e roupas.